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terça-feira, 27 de setembro de 2016

MOVIMENTO

Em 2010 iniciei um processo de rompimento com o movimento evangélico, além de questões teológicas estavam envolvidas também questões pessoais. Porém neste processo de rompimento, seja ele em qual segmento for e não importam os argumentos, quem se exclui tende a aumentar não somente as críticas, mas a intolerância a qualquer contra argumento que façam em defesa de tal segmento, em resumo, o que não fazem é ruim e o que fazem não presta.

Interessante notar que pouco mudou em milhares de anos, o homem permanece atacando àqueles que enxergam o mundo de forma diferente. Acreditou-se que os ideais do Iluminismo trariam nova luz à razão e a renovação aos corações e, que a separação Igreja e Estado reduziria a violência causada por questões filosóficas, científicas e políticas.

Várias gerações lutaram para estancar o sangue que corria nas ruas, mas a hemorragia permanece, agora jorrando das telas de nossos computadores e smartphones. Nosso momento histórico revela uma geração diversa em muitos sentidos - cultural, sexual, ideológica, religiosa, etc. - mas que ainda não aprendeu a conviver com a diversidade, seja ela qual for. Uma sociedade plural que teima em ser singular.

Se alguém se diz avesso ao feminismo, é tachado de machista; se comunga com os ideais de esquerda, é socialista, comunista ou pior petralha; se torce para qualquer outro time, não importa qual, é anticorinthiano. A intolerância é tanta que, concordar com algo implica diretamente em "ser", "não ser" ou "ser contra" várias outras coisas. E o termômetro que nos mostra o grau desta febre de movimentos antagônicos são os comentários  nos artigos das agencias de noticias e nas diversas redes sociais. A cada nova postagem da "minha opinião" ou do "só li verdades" causam, além de debates homéricos, indiretas bem diretas, bullying  e um série de amizades desfeitas. A violência psicocibernética ganha espaço, sai da nossa mente e coração e ganha as redes e o mundo a assite de camarote. Banalizamos a violência nas redes, assim, podemos permanecer violentos, causando dor sem sofrer as consequências, pois esta não consta nas estatísticas e mapas da violência e crimes das ruas e podemos nos esconder atrás de perfis falsos.

Em um destes sábados preguiçosos em que você liga a TV em qualquer canal despreocupado com o que passa, deparei-me com uma entrevista com Fernanda Montenegro, atriz brasileira consagradíssima, dizia ela a este respeito: "radicalize mas não feche a porta". A frase me fez muito sentido e é o motivo deste texto.

Jesus, um radical em sua época, não fechou as portas. Critico feroz dos religiosos e do império e seus poderes, não virou as costas a Nicodemos, sumo-sacerdote e ao centurião romano com a filha a ponto da morte. A inimizade dos judeus em relação aos samaritanos não o impediu de levar água da vida para uma mulher sofrida. Jesus, fica claro, era contra sistemas de opressão, não contra as pessoas. Não destruiu o judaísmo e construiu uma nova religião, mas sim, criou uma rede de fraternidade e amor, que libertava da opressão dos movimentos e sistemas de poder instituídos.

E seis anos depois, após ter ficado três anos longe da igreja, e muito mais nestes dias de polarização politica e ideológica, que esta dividindo famílias, amigos e muita gente que tem o mesmo objetivo - um pais melhor - percebo que não precisamos concordar com tudo, a diversidade de pensamento, o questionamento e busca de novas respostas que se adequem a novas realidades é o que impulsionar o progresso e o desenvolvimento.

Todo movimento ideológico ou politico, existe para o bem das pessoas, o problema começa a existir quando este movimento se acha superior à outros, buscando uma hegemonia através do poder absoluto e ditatorial, e nesta busca, passe por cima das pessoas, subjugando e oprimindo os divergentes.

Então, seja você petralha, coxinha, feminista, do movimento do poder negro, socialista, comunista ou de extrema direita, é hora de rever seus argumentos e conceitos quando o sistema que você defende ficar acima ou contra humanos. Nada neste mundo precisa de nossa defesa com unhas e dentes senão a própria humanidade. Movimento algum salvará a humanidade, mas o homem pode estender suas mãos e ajudar o seu próximo, por isso, não se exclua.

Sobre o movimento evangélico, ainda tenho muitas divergências e busco respostas melhores que se adequem a minha visão do mundo e do que entendo por religião. Não me perco mais em  debates com quem ainda precisa do que ele oferece. A parte que me cabe é amar e este passa pelo respeito as diferenças.

sábado, 10 de setembro de 2016

A HISTORIA POR TRÁS DA HISTÓRIA

A dica de leitura deste mês ficam por conta destes dois livros que desmistificam a história que nos contam, abrindo um horizonte para novas interpretações e possibilidades:

1. Um Deus muito Humano
Frei Betto
Busca revelar o Jesus homem, histórico, politico, que lidou com problemas e pessoas reais e, que antes de se intitular o Filho de Deus, revelou o amor do Pai e seus desígnios de forma surpreendente. Quem é o Jesus que acreditamos? Qual a razão dos milagres? Muito além da fé, há fatos históricos que desconhecemos e que nos ajudam a perceber que os evangelhos não revelam apenas o milagre da encarnação, mas a preocupação de Deus com o dia-a-dia daqueles que são oprimidos e sofrem, e por isso são chamados de filhos de Deus.




2. Campos de Sangue "Religião e a história da violência"
Karen Armstrong
É notório que atualmente, todas as guerras são justificadas por motivos religiosos. Mas será mesmo?
De forma muito simples mas profunda, Karen desnuda a historia da humanidade e coloca todos os pingos nos is, revelando como a Aristocracia fez uso da religião para se manter no poder e justificar suas guerras como sendo guerras de Deus. Do homem primitivo e caçador, passando pelos povos Sumérios até à queda de Saddam Hussein na guerra ao terror travada pelos EUA, a autora desvenda como questões sociais, manipulação e desejo de poder, podem desencadear uma guerra santa.


Recomendadíssimos.