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sábado, 27 de dezembro de 2014

A AFRICA É LOGO AQUI

Segundo o Apostolo Tiago, "a verdadeira religião, que agrada a Deus, o Pai, é esta: cuidem dos necessitados e desamparados que sofrem [...]"outra tradução diz que é "visitar os órfãos e as viúvas em suas necessidades" - Epístola de Tiago 1:26-27.

Uma das minhas criticas à igreja é sua capacidade de enriquecer e de deixar de lado os seus pobres. Infelizmente o que mais vemos são instituições que gastam muitos milhões dos dízimos e ofertas recolhidos, com programas que nada tem a ver com a manifestação do Reino de Deus. Gasta-se muito para estar no radio, na TV, com grandes eventos tidos como evangelísticos, mas que não tem foco nenhum na melhoria do mundo e da sociedade. Suas campanhas de milagres-marketing chamam a atenção das massas, porém pouquíssimas coisas são realizadas para auxiliar os que sofrem. Sem contar no abuso de pregações ofensivas àqueles que não tem com que "pagar" os dízimos e ofertas, pois correm o risco de não ter o pão diário, mas que persuadidos pela "fé" ou "necessidade" acabam entregado tudo o que tem pelo medo de serem amaldiçoados por um deus que barganha seus favores. 

Porém, quando falo de igreja, não digo apenas da igreja institucionalizada, falo também e muito mais da igreja individuo, eu e você, que oramos pedindo prosperidade para gastar com aquilo que não é pão, e por isso é indivisível. O corpo de Cristo se amoldou demais a instituição, nos tornamos individualistas, suficientes em nós mesmos. A graça que nos bastava foi trocada pela prosperidade deste mundo. Cantamos pedindo "preciso de uma benção não vou desistir, sem ela eu não vou sair daqui" e em contra partida o Espirito nos diz: "esqueçam-se de vocês o suficiente para estender as mãos e ajudar" [Filipenses 2:4].

Realmente não há nada novo debaixo do sol, continuamos a praticar os mesmos erros, tentando passar um camelo pelo buraco da agulha, e não observando a simplicidade do evangelho.

Ficamos extasiados ao ouvir os milagres realizados em regiões inóspitas onde missionários quase sem nenhum auxilio vivenciam por amor ao Evangelho. Choramos e clamamos por arrependimento devido a nossa omissão e entregamos alguma quantia de dinheiro para auxilia-los, e após a benção final do culto, já esquecemos. 

Não nos damos conta que a Africa é logo aqui: aqui nas prisões, nos bairros periféricos, na cracolândia, nos orfanatos e casas de repousos. Aqui onde pessoas amadas por Jesus foram abandonadas por seus familiares e esquecidos pela sociedade. Aqui onde pela correria do dia-dia damos a desculpa de não conseguirmos visitar. Aqui onde a troca maior não será a financeira, mas a de amor e afeto. Aqui onde Cristo é manifesto nos seus pequeninos.

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Esta semana visitei com os jovens da igreja um abrigo para crianças abandonadas e em situação de risco, que o grupo adota há alguns anos. Eu sempre era impedido ou dava a desculpa de ter um outro afazer mais importante ou urgente, mesmo que fosse apenas "limpar a casa". Eu que há uns 10 anos, "sentia" de Deus o chamado para fazer missões na Africa, uma desculpa criada para fugir de mim mesmo. Mas após uma revolução na minha vida, fui enviado para outra Africa.

Minha Africa é uma comunidade chamada Betesda, que embora tenha problemas e defeitos, se preocupa mesmo que timidamente com a comunidade de Jesus dentro e fora dos templos. Uma comunidade que está quebrando seus próprios paradigmas e paradigmas antigos da religião para viver o amor genuíno de Jesus. Uma comunidade que prega e busca viver o "Unbutu" embora com muitas dores. Uma comunidade Africa que busca outras Africas. 

Particularmente foi um desafio à "viver o que prego" e um resgate ao chamado para mais uma vez "me" encontrar NEle.

* Unbutu, é uma filosofia africana das tribos de língua Zulu e Xhosa que determina a capacidade humana de compreender, aceitar e tratar bem o outro, Exprime a consciência da relação entre o individuo e a comunidade, isto é, trata-se do individuo buscando o seu melhor de maneira que a comunidade também se desenvolva. Portanto o conceito exprime a crença na comunhão que conecta toda a humanidade: "Sou o que sou graças ao que somos todos nós".

sábado, 4 de outubro de 2014

ESCATOLOGIA

Alguém ai sabe me responder quando foi que os cristãos deixaram de acreditar na escatologia bíblica, isto é, no fim do mundo?

Lembro me que a não pouco tempo atrás, anos 80 e meados dos 90, que as séries de livros "Deixados para trás" e "Este mundo tenebroso" faziam grande sucesso nos círculos pentecostais e neo pentecostais. Havia gente, inclusive, acreditando que os livros de ficção [que isso fique muito claro] eram o retrato fiel do que acontecerá no final dos tempos. |Mas como declara a própria Bíblia, o "amor de muitos se esfriaria", e olha só no que deu, nem se ouve mais falar a respeito, e o pior nem mesmo dentro das igrejas.

Perceba que o discurso do fim do mundo foi radicalmente trocado pelo discurso triunfalista de vitória financeira, prosperidade e uma vida abundante aqui e agora. Descobrimos que somos apostólicos e que "nascemos para vencer e reinar em vida" - e a esperança tão linda de um paraíso pós morte ou arrebatamento foi sendo esquecidas por esta nova geração. 

Mas que mau há nisso?

Os cristãos de até duas décadas, não se preocupavam tanto com as coisas desta vida, eramos orientados a "buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça", até porque "o amor ao mundo é inimizade contra Deus", sendo assim, estar na politica, se preocupar com o meio-ambiente, observar e atuar em causas sociais, ter uma boa formação acadêmica e outras coisas relacionadas a esta vida, eram considerados muitas vezes pecado. O importante mesmo, para o cristão sério e temente a Deus, era "buscar uma vida de santidade, separada dos prazeres e da sabedoria deste mundo", pois "Cristo estava a porta", e por que "ninguém sabia o dia de sua volta" sendo assim "precisávamos estar vigilantes e preparados e não enrolados com coisas deste mundo".

O lado positivo, é que temos hoje uma geração, que de certa forma, conquistou um espaço importante na sociedade, deixamos de ser vistos como alienados, feios, ignorantes, saímos da posição de minoria para termos um papel importante até mesmo em decisões politicas do país. Mas infelizmente o lado negativo e inversamente desproporcional a tudo o que foi conquistado e abafa as vozes de quem realmente está interessado em estabelecer um Reino de amor e justiça para todos.

Na ânsia e no falso entendimento a respeito de "reinar em vida" e do papel da igreja no estabelecimento do Reino na terra, alguns poucos porém barulhentos cristãos, se auto proclamaram vozes de Deus e do povo e passaram a legislar  e impor sua verdade [de fé], em assuntos que dizem respeito apenas ao âmbito da consciência pessoal e livre arbítrio, a todos, inclusive aos não cristãos.

Sendo explicito, não entendo o medo que estes, possuem da aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da legalização do aborto, se a interpretação que expressam da Bíblia é que "os efeminados, sodomitas e assassinos, não herdarão o reino de Deus."

Quando esqueceram que a estes está sendo reservado o lado de fogo e enxofre?
Não sabem mais como "ensinar a criança no caminho que deve andar, para que quando for adulto não se desvie"
Porque se preocupar e lutar com tanto afinco para a não aprovação desta lei se a Bíblia diz que "os que estão limpos se limpem mais e aos que está sujo, se suje um pouco mais, pois o mundo jaz no maligno"?
Será que deixaram de acreditar no apocalipse? 
Deixaram de acreditar que "Deus zela pela sua palavra para a cumprir"
Estão querendo retardar ou impedir a volta de Jesus?

Ou, eu que estou muito errado em minha percepção, e todo este engajamento, é para livrar os homossexuais, as mulheres que abortam do fogo do inferno?

Se é isto, creio eu, e quase todo o mundo, que estão agindo da maneira errada.

Deviam seguir o exemplo de Jesus que a despeito  do senso comum religioso de sua época, que consistia em criticar, julgar, excluir, menosprezar, ridicularizar, e muitos outro males, incluindo matar, fez o inverso e amou, acolheu, tratou, incluiu, valorizou, respeitou e ressuscitou, 

Poderiam permitir que o "Espirito Santos convença a cada um do pecado, da justiça e do juízo" e que "aquele que começou a boa obra a aperfeiçoe e complete até o dia de Cristo".

Porque não o fazem?

A resposta é, que para que isto aconteça, terão que abrir as portas de suas igrejas para àqueles que "aparentemente" querem exterminar, colocando em risco a congregação de "santos, perfeitos e arianos" que querem estabelecer.

E como são obedientes a Bíblia em primeiro lugar, estarão contra as ordens do seu deus, que não faço ideia de quem é, ou melhor, até faço, pois tudo o que é contrario às boas novas de Jesus, é do anti-cristo.


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

QUEM É DEUS, AFINAL?

Mais uma vez surpreendido por Rob Bell e sua forma diferente de enxergar Deus.
 
Em "What we talk about when we talk about God" com tradução livre "O que falamos, quando falamos sobre Deus", mas traduzido como "Quem é Deus, afinal?" o polemico autor de O amor Vence nos mostra de forma fascinante o porquê Deus é o mesmo ontem, hoje e será sempre.

Quem já assistiu a série "Everything is Spiritual" tem um pequeno vislumbre do que nos aguarda logo nos primeiros capítulos do livro, Com argumentos que vão da filosofia à física quântica, Bell vai descortinando sua visão sobre Deus, desconstruindo a visão ultrapassada da religião e refazendo alicerces através dos ensinamentos de Jesus.

O objetivo primário do livro é mostrar que Deus não é coisa do passado, que ele é para o agora, para  já e para o amanhã, que Ele não está contra a ciência, mas que a ciência esta para comprovar suas maravilhas, e que a despeito do que você acredite, ele está para, por e com você.

Rob Bell não tem interesse em desfazer a fé ou os ensinamentos antigos, mas sim, em revelar que Deus sempre esteve à frente de nós, que suas palavras sempre apontaram para um outro tempo, pois Deus em sua ciência, vislumbrou algo melhor e mais humano. Desde os remotos tempos do velho testamento, suas leis, por mais absurdas que nos pareçam hoje, tiveram um tom revolucionário para a época, a fim de humanizar seu povo, fazendo-os precursores de uma nova cultura, onde reinaria a justiça. Infelizmente, eles não entenderam e mutos de nós ainda também não.
 
E este Deus não mudou, e ainda hoje convida seus filhos a serem precursores de um novo tempo, em favor de todos os seus filhos na terra, por meio do amor.


Recomendo a leitura.


domingo, 3 de agosto de 2014

MEU CRIME: HUMANIZAR E AMAR

Nasci em uma cidade pequena, cidadezinha do interior. Pequena, mas não desconhecida. Diziam: "de lá, não vem nada de bom!" Para piorar as coisas, minha mãe me concebeu antes de se casar. Mãe solteira, que vergonha! O que fez mamãe fugir para casa de parentes distantes durante a gravidez.

Mas fugia de que?!  Olhares maldosos, palavras felinas, pedras, que parentes, amigos e vizinhos poderiam lhe atirar. Mamãe só retornou à nossa cidade, quando papai resolveu se casar. Ele demorou a se decidir, era comerciante conhecido, teve medo que a má fama prejudicassem os negócios.

Já nasci sentenciado, um filho de ninguém. Um filho só de mãe.

Meu nascimento foi estranho, nasci em meio a uma viagem. Casas, hotéis, ninguém pode nos abrigar. As cidades estavam cheias. Por pouco mamãe não deu à luz na rua.

Eu me sentia estranho. Desde a minha chegada tudo mudou. Vivíamos fugindo, com medo, escondidos. Nem me lembro quando voltamos a nossa cidade.

Vivi a minha infância, adolescência e juventude como uma criança normal. Seria mais normal se mamãe não guardasse tanto cuidado comigo. O que faziam com que eu fosse motivo de piadas entre colegas. Com poucos amigos, me restavam os mendigos e os doentes daquela pequena cidade, este sim sabiam viver. Embora excluídos e abandonados não perdiam a força de vontade. Um dia após o outro, e a vida era vencida.

Me apeguei a religião como forma de amenizar a dor e o deslocamento social que sentia. Estudava tanto, que podia debater com um professor. Embora autodidata, me viam como inferior.

Por reconhecer a dor da existência, minhas palavras atingiam a alma. Então os cansados e sobrecarregados passaram a me procurar. Nos montes e nas praias ficou difícil me ocultar. O filho do comerciante, amigo de pecadores e prostitutas, comilão e bebedor de vinho, que anda com doentes e excluídos. Isso sim era fama, da inexistência a existência, a vida começou a mudar. 

Na religião que outrora me preenchia, a inveja começou brotar. Da multidão, amores, desejos, milagres, perseguição. Pelos que me procuravam como Rei, do dia para a noite, fui declarado ladrão.

Crucifica, crucifica, aclamaram com paixão. Fizeram da morte minha amiga e para o mundo a solução. E todo o temor que rondou a minha vida agora se apoderava de minha alma. Me senti sozinho, sem rumo, sem razão, sem Deus,

Caminhei por algumas horas carregando o peso de toda minha vida, e sentia também o peso de todo o mundo, principalmente daqueles que sem causa me odiaram. Eu, um simples homem, sem atrativo ou formosura, contado com os rejeitados, feitos amigo dos marginalizados, e por isso castigado.

Meu crime: "Me humanizar e amar".



quinta-feira, 24 de julho de 2014

ELAS SOBREVIVERAM

Longos 56 anos separam estas duas mulheres completamente diferentes, mas com uma historias de vida em comum. 

Helga Weiss, 8 anos, judia, residente na Tchecoslováquia e Immaculée Ilibagiza, 22 anos, africana da tribo tútsi, residente em Ruanda, Ambas sobreviveram ao massacre de seu povo: Helga, sobreviveu ao Holocausto nazista de 1938 à 1945 e Immaculée ao massacre ruandense ao povo tutsí em 1994.

Suas histórias estão contadas nos livros, "O Diário de Helga - o relato de uma menina sobre a vida em um campo de concentração" e "Sobrevivi para contar - O poder da fé me salvou de um massacre", e embora o tempo e as circunstancias sejam outras, os relatos possuem muita coisa em comum: 
  • Ambos os massacres, foram motivados por questões étnicas;
  • O inicio do massacre foi sutil, enganando um lado do povo, motivando-os a desprezar o outro lado;
  • Reduziu-se a auto-estima de um povo, até não terem mais forças para lutar;
  • Ficaram presas em cubículos de aproximadamente 1,20 metros;
  • Helga dividia um quarto com outras 21 mulheres. Immaculée dividiu um banheiro com outras 7 mulheres;
  • Immaculée ficou 3 meses sem tomar banho; Helga ficou aproximadamente 3 anos;
  • Helga em dado momento, deixou de se importar com seus cabelos e não se incomodava que tivesse a cabeça raspada. Immaculée ao ser liberta, gastou dinheiro para arrumar os cabelos. 
  • O desejo de liberdade causou inveja ao contemplar a natureza em ambas:
"Ser aquela lebre pu aquele esquilo, viver livre, respirar livre. Como estes animais são felizes" - Helga Weiss

"Quando a manhã clareou, aves começaram a cantar nos galhos das árvores do jardim, invejei-as e pensei: Vocês tiveram sorte em nascer pássaros e livres" - Immaculée
  • Helga escreveu o livro durante o holocausto, em forma de diário, a principio como coisa de criança e depois a pedido de seu pai, que solicitou registros inclusive em forma de desenho. Immaculée escreveu após a sua libertação, anos depois, pois ainda sofria com o que viveu.
  • Da família de Helga apenas ela e sua mãe sobreviveram, seu pai, provavelmente morreu na câmara de gás num campo de concentração, de Immaculée, apenas um dos irmãos sobreviveu pois estudava em outro pais quando se deu o massacre.
  • Helga se apegou a vida, e pensava que o que estava sofrendo não podia ser comparado a sofrimentos que outros podiam viver no mundo, Immaculée credita sua sobrevivência a fé em Deus.
Embora as historias sejam tristes, estas mulheres deixam um legado de perseverança, fé, resiliência e amor a vida.

Recomendo a leitura.

domingo, 20 de julho de 2014

AFINAL, O QUE HÁ DENTRO DO ARMÁRIO?

As pessoas não fazem noção da realidade de dor, medo e tormento que há dentro dos armários da vida. Família, amigos, a sociedade em geral, validam alguns dos comportamentos que mais agridem, sem perceberem, matam por dentro, pouco a pouco, cada um que daqueles que são por algum motivo, obrigados a sofrer calados.

Como diz a mãe de Bobby no filme "Orações por Bobby" pensem bem antes de nas suas congregações religiosas dizerem o "amém", pois podem estar concordando com a morte de muitos.

Me vi e revivi cada uma das das frases e situações, vi e revivi historias de amigos, alguns ainda trancafiados no armário, outros em busca da porta que os livrará do cárcere.

Que Deus os ajude, como me ajudou.
Só tenho uma coisa a dizer: "Tudo pode ficar bem, mas não será fácil."


terça-feira, 8 de julho de 2014

O EPITAFIO

Ele é adolescente, paulistano, classe média, estudante sem sorte com números e que adora os livros de Harry Potter. Envolvido com política feito gente grande, milita por uma justiça social que seja realmente efetiva. Lado espiritual independente de religiões, porém simpatizante das mensagens do Pastor Caio Fabio. Este é Victhor Fabiano e Epitáfio é o seu segundo livro e esta mistura toda não podia criar história diferente.

Uma conspiração para tomar o governo de um pais, parte de um plano mundial e diabólico levado as últimas consequências por uma seita ultra secreta. Pactos de sangue, traição, corruptos infiltrados no governo, manipulação de informações e do poder, censura contra a imprensa e uma guerra narrada em tom épico. Neste enredo intenso, apenas um homem defendendo toda a nação.

Para quem não está acostumado com os bastidores do poder e toda a manipulação e acordos envolvidos, pode achar o livro um tanto cansativo nos primeiros capítulos, porém, a narrativa ganha outro ritmo ao entrar em cena as ações da seita e se tem clareza dos vilões. A historia ganha um tom épico nos últimos 5 capítulos, e a esperança da vitória do bem sobre o mal retoma a historia.

Mas há um mistério que envolve a historia do começo ao fim - o narrador - participante de cenas decisivas como um observador ou ouvinte, e que em outros momentos simplesmente se ausenta dando ao texto uma nova forma de narrativa, nos surpreende em sua descoberta. Se o autor deu indícios de quem poderia ser, escondeu muito bem.

Mas quem quiser desvendar este mistério e descobrir o final desta guerra, terá que adquirir o livro, a qual recomendo a leitura.

Contatos do autor:
Twitter: https://twitter.com/VicthorFabiano
Facebook: https://www.facebook.com/VicthorFabiano
Blog: http://blog.victhorfabiano.com/

O Epitáfio
Autor: Victhor Fabiano
Editora Penalux

sábado, 14 de junho de 2014

ABRIL

Como o tempo esta passando rápido, e a dificuldade de parar e colocar as ideias no lugar só aumentam. Haja vista a redução de postagens no Blog, tanto que só agora percebi que não há 1 postagem no mês de abril.
 
Desleixo, preguiça? Claro que não.
Neste período me dediquei a leituras recomendadas pelos professores da Pós Graduação, leituras nada fáceis, mas interessantes.
 
Mas vamos ao que interessa...
 
A ARTE DE AMAR
Livro de Erich Fromm
Adicionar legenda
Dica do meu irmão Danilo #JBZL
 
Trata-se de um estudo mecanicista sobre a construção do amor, em todas as suas vertentes.
O autor não foca no amor romântico, mas aborda o amor como a única forma de crescimento do homem, quanto SER humano. Diz que para que possamos alcançar o amor de verdade, precisamos ser inteiros, maduros,  e que isso exige prática e concentração, além de desenvolvimento de personalidade, capacidade de amar ao próximo, humildade, coragem, fé e disciplina.
Escrito em 1956, o livro é interessante e vale a leitura.
Dica: leia com calma o capitulo 3 "O amor e sua desintegração na sociedade contemporânea".

ADMIRAVEL MUNDO NOVO
Livro de Aldous Huxley
Dica do professor de Qualidade de Vida no trabalho..
 
Escrito em 1932, narra a hipótese de um futuro onde as pessoas são pré-condicionadas biológica e psicologicamente, vivendo de maneira harmoniosa as leis e costumes de uma sociedade baseada em castas. Um sociedade em que todos os valores conhecidos por nós, são distorcidos, sendo motivo de preconceito e enjoos a menor menção feita. Religião, cultura em geral, moral e costumes, família: todas as bases que mantem nossa sociedade são tidos como valores passados e envelhecidos que precisam ser deixados de lado por quem quer viver neste admirável mundo novo.
 
Confesso que pensei em parar a leitura por muitas vezes,  mas me mantive forte para conclui-lo e perceber que, a passos lentos, estamos caminhando para algo muito parecido.
Vale a pena a leitura, mas seja paciente e não espere um final surpreendente, embora o que aconteça, nos seja bem comum nos dias de hoje.
 
 
Então, faça como Djavan nestes dias frios, pegue o seu livro e corra para um bom lugar.
Tenho 3 novos me esperando.
 

O PRIMEIRO LIVRO

Já parou para observar a expectativa de uma criança ao receber um presente, que tomada por euforia, não se contem em abri-lo com calma?....Assim é a relação desta garotinha com os livros.
 
Desde muito pequena em seu quarto, encontrava nos livros a possibilidade de ser alguém que nunca seria, de viver historias, que talvez, nunca viveria e acima de tudo, encontrar ali, realidade para seus sonhos.
 
E por isso, quando abria-os mergulhava em milhões de letras, eufórica a cada novo livro, encantava-se com a fascinante aventura de poder ser e estar onde quisesse.
 
Admirando sua vivencia no mundo das palavras, percebo que não há critérios para classificar os bons leitores: quantidade de livros lidos, autores famosos, clássicos mundiais, etc. Nada os determinará, senão a relevância do que foi lido.
 
E se ela não gostasse de ler Machado de Assis, ou Shakespeare, ou as dezenas de autores importantes para a literatura, quem poderia julgar que seus sorrisos espontâneos, os olhos brilhando ou ainda, quem julgaria que as lágrimas derrubadas enquanto passava os olhos ansiosamente por aquelas paginas, não foram tão sinceras, quanto de quem leu Romeu & Julieta?
 
Eu mais do que ninguém, posso dizer que senti muita sinceridade quando minhas paginas foram gotejadas por lagrimas quentes, e olha que nem sou tão famoso.
 
Aquela garotinha, quando pequena, tinha poderes e fazia dos livros companheiros, e não escolheu algum especifico, ela foi escolhida, presenteada e apresentada ao meu universo da fantasia, logo, apaixonou-se por tudo o que eu podia oferecer.
 
Ah! Se todos pudessem desfrutar  deste universo como ela, se de vez em quando, ao invés de entrar em uma loja de brinquedos, crianças fossem levadas a minha casa e de meus amigos, talvez a humanidade fosse mais gentil, mais compassiva, mais humana. Pois, para isso, basta serem cativadas por nós. Quem dera poder conquista-los com maior facilidade e quebrar todos os dogmas culturais contra a leitura.
 
Tentei manter-me próximo a ela durante todo o seu desenvolvimento, mas tenho que admitir que o tempo a fez afastar-se deste passatempo, mas mesmo assim, do auto da prateleira, onde ela me guarda carinhosamente, me emociono ao ver o brilho em seus olhos ao desfrutar de um novo amigo.
 
E minha felicidade é vê-la apaixonando-se novamente, não temo que meu lugar seja tomado, venham quantos couberem, pois, no fundo eu sei da sua eterna gratidão por tê-la feito ingressar num mundo de conhecimento e fantasias.
 
Com amor,
O primeiro livro.

Texto de Bruna Manzolli, #JBZL
 

segunda-feira, 5 de maio de 2014

#JBZL ESPIRITUALIDADE VIVA

Não há palavras, há abraços.
E os abraços destilam lágrimas.
Lágrimas que regam outros abraços.
E fazem crescer uma espiritualidade sadia, real e viva.
Uma espiritualidade humana, de tão divina.

JBZL são para mim como os ramos desta árvore.
Jesus é a videira verdadeira, e vocês são os seus ramos.
Eu, um pássaro que já voou por muitos lugares.
E após voar sem encontrar pouso, já cansado.
Encontrou nos ramos desta videira uma acolhida.

Um abraço, um sorriso.
Um descanso, um amigo.
Um apenas não, muitos.
Muitos amigos, muitos irmãos.

E assim como eu, muitos pássaros ainda encontrarão pouso nestes galhos.
Preparem-se para isso!!

Deixem que seus galhos se encham de folhas.
Se encham de flores, se encham de frutos.
Se encham de amor.

Sejam relevantes.
Fujam do amor de palavras.
Sejam cidadãos do Reino.
Estabeleçam o Reino.
Onde estiverem, por onde forem.

E para quem procura-los sejam abrigo.
Sejam amigos, assim como todos vocês tem sido comigo.

Com amor.

domingo, 30 de março de 2014

PARADIGMAS, PRECONCEITOS E NOVOS CÉUS

O preconceito é a atitude discriminatória, baseada em juízo preconcebido de algo ou alguém que fere diretamente um modelo estabelecido de mundo ideal e que outrora possa ter sido a solução para dada situação ou momento, mas que perdeu a relação com realidade. Logo o preconceito está diretamente ligado a paradigmas e à manutenção do status quo.  Sendo assim, o preconceito nada mais é que a exteriorização violenta e amedrontada da nossa aversão a mudanças.
 
Há uma historia bíblica que exemplifica bem a relação preconceito versus paradigma:
Samuel o profeta, foi designado por Deus para ungir um Rei para Israel, enviado a casa de Jessé, fez passar diante de si todos os filhos deste: Eram homens fortes, bonitos, inteligentes, capazes de conduzir o povo diante das guerras intermináveis com os cananeus; Aos olhos de todos, reis em potencial. Por fim, Samuel questiona se não havia nenhum outro filho, porque Deus não o havia tocado a respeito dos que tinha visto. Sim, havia mais um filho, este, sem muita importância ficou esquecido no campo junto às ovelhas que cuidava.

Davi era pequeno, magro, ligado às artes, poeta e musico, de coração sensível, estava mais para “bobo da corte” que para Rei. Mandaram chama-lo, e quando este chegou a Samuel, Deus disse: Este é o Rei!  [I Samuel 16}. Samuel então questiona a Deus, sobre o “absurdo” que estava fazendo, ao que recebe de resposta: “O Senhor não vê como o homem, o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração”.

O que Samuel não percebeu é que Deus estava quebrando paradigmas e com isso o preconceito que havia no coração do profeta e do povo. Eles conheciam Saul, o atual Rei, que tinha tudo o que os reis dos povos vizinhos tinham, era o estereótipo de rei bem-sucedido, o modelo ideal, mas que representava um tempo passado, algo que para o atual momento era antiquado e impedia-os de ter experiências mais profundas com Deus.

E assim, Deus estava dizendo a Israel, “vamos mudar as coisas por aqui”, está na hora de viver coisas diferentes, experimentar o novo, façamos loucuras em favor da vida abundante, “a virgem dará luz a uma criança” e nunca mais o mundo será o mesmo. [Isaias 7:14; Isaías 43:19-21]

E no decorrer da historia, podem-se observar várias outras situações parecidas, onde pela fé, homens e mulheres mudaram o status quo, quebrando paradigmas em favor da vida e construindo um novo mundo [Hebreus 11:32-40].

O próprio Jesus era exímio em quebrar paradigmas, em mudar a ordem das coisas, seu discurso era desafiador, dizia: “Ouviste o que foi dito, mas eu, porém vos digo (...)”, por isso sofreu preconceito por parte dos lideres religiosos da época, sendo perseguido e morto.

É evidente que todos nós temos preconceitos, em maior ou menor intensidade, vivemos envoltos em paradigmas. E quando o Apostolo Paulo nos exorta a não julgarmos, ele o faz tendo em mente todas as variáveis da vida, pois, nosso julgamento preconcebido, pode estar intoxicado por um paradigma, que nem ao menos temos a noção de que existe ou que esteja lá [Mateus 15: 19-20].
E como podemos estreitar nossos afetos e relacionamentos, se estivermos atormentados pelo preconceito?

O preconceito tem origem no medo, o medo produz tormento, e atormentados, teremos atitudes de defesa, agredindo o outro, agindo pela lei do “olho por olho e dente por dente”, logo, não seremos aperfeiçoados no amor [I Joao 4:18-21].
 
Quem tem preconceito com negros, é infeliz porque eles deixaram de ser escravos, acredita ainda que são pessoas inferiores e por isso devem ficar excluídos da sociedade. Os homens tem medo da emancipação das mulheres, temem que elas assumam o controle que eles acreditam possuir, assim, se tornam machistas, na ânsia de defender o seu lugar, diminuem, agridem, excluem. Temem que assegurando os direitos civis aos homossexuais, de forma sobrenatural, todos os héteros se transformem em gays, e assim, acabe a família, e toda a estrutura social que conhecemos hoje. E a lista não termina: estrangeiros, pessoas com deficiência, nativos de determinada região, gêneros musicais, lembra-se do rock a “musica do diabo”, do axé, e do funk carioca, tão discriminado, hoje musica de “elite”.
 
Também, entre os próprios cristãos: católicos, protestantes históricos, tradicionais, reformados, pentecostais, avivalistas, neopentecostais; todos a seu modo, temem a mudança do status quo, temem a ruptura com o paradigma que criaram, pois assim, podem perdem seu lugar de poder, perdem sua hegemonia. 

Logo, precisamos de um novo discurso, sobretudo de uma nova práxis, para um novo tempo. Um discurso que reconhece que a verdade nunca foi absoluta, mas que dialoga com o tempo, cultura e experiências de vida.
 
E como conselho dado a crianças, exorto, tenha em ti o mesmo espirito que houve em Cristo, enfrente seus medos, enfrente seus preconceitos, quebre paradigmas, mude o estado das coisas:: quebre o sábado, não apedreje mesmo que a lei ordene isso, fuja da hipocrisia de uma santidade fingida, para que o Reino seja estabelecido.
 
Este é o novo de Deus, novos relacionamento, novos afetos. Não tema ser reconhecido como amigos dos pecadores, não tema ser reconhecido como cristão, até que haja novos céus e nova terra onde reine a justiça, a paz e a alegria.

Este texto foi escrito com base numa conversa realizada com os JBZL (Jovens Betesda Zona Leste), sobre o tema: "Só os preconceituosos herdarão o Reino de Deus" capitulo do livro de Elienai Cabral Junior - E se alguém acender a Luz.
 

sábado, 22 de março de 2014

3 Mêses 4 Livros

Os três primeiros meses deste ano não estão sendo fáceis, haja vista eu não ter nem tempo para incluir as dicas de livros por aqui. Sorte é ainda ter tempo para ler, graças a Deus pelo transporte publico, local onde faço a maior parte de minhas leituras. Então já que consegui uma brecha na agenda, vamos indicar logo 4 livros:

Guia Politicamente Incorreto da Filosofia
Luiz Felipe Pondé

Segundo livro que leio de autor, cujas crônicas na Folha de São Paulo são um show a parte. Oras amado, oras odiado, Pondé consegue nos deixar em saia justa, jogando em nossa cara de maneira irônica, toda as mentiras que tentamos esconder.

Em Guia da Filosofia trata de realizar criticas às afirmações hipócritas da sociedade atual, mas em minha opinião, ele não foi tão feliz quanto em "Contra um Mundo Melhor - Ensaios do Afeto" caiu na tentação de escrever mais do mesmo e o livro ficou enfadonho.

O amor que acende a lua 
Rubem Alves
 
Rubem Alves dispensa apresentações, amo tudo o que ele escreve.
Neste livro em especial, o autor recorda situações de sua vida, tratando cada assunto em uma crescente, aumentando em profundidade à medida que os capítulos vão acontecendo, como as fases da lua.
 
Nota-se no decorrer do livro uma necessidade do autor em despertar no leitor uma imagem espiritual da vida, com reverencia as coisas belas do mundo, como forma de se reaproximar de Deus e da vida abundante que nos prometeu.

Além do Bem e do Mal
Nietzsche

Um livro confuso, como a maioria do autor.
Creio que lê-lo em sequencia como um romance não tenha sido uma boa ideia. Não fica claro onde o autor quer chegar, em alguns momentos parece fazer a critica pela critica, e logo adiante se explica, mas ainda assim, de forma obscura.

Como dito na apresentação do livro: "Nietzsche discute a problemática a seu modo, para ele a questão do bem e do mal, está além da própria moral (...) A solução de Nietzsche é simples, respirar outros ares. Mas é também complexa: voar mais alto, para o alto, acima do bem e do mal." O difícil é conseguir acompanhar este voo.
 
A verdade é a conversa
Elienai Cabral Junior
 
Livro baseado na dissertação de mestrado do autor.
A verdade é a conversa tenta realizar uma aproximação entre filosofia e teologia, através dos pensadores R. Rorty e J.L Segundo. O autor propõe uma aproximação de olhares para a verdade, concebendo-a como processo pedagógico. Uma verdade que se mantem em processo aberto e conversacional, implicando na não exclusão de outros saberes, como os que constituem a experiência de fé.
 
A leitura não é fácil, e para quem não tem claro os conceitos teológicos e filosóficos utilizados, o entendimento pode ficar comprometido. O importante é ler, tendo em mente o foco do autor, a verdade não é um fim em si mesma, ela conversa com a vida e se refaz a medida em que temos novas experiências.



sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

ANTES DELE

Antes dele, as pessoas eram realmente felizes.
Havia tempo para sair com os amigos.
Todo encontro era uma festa, horas para sorrir e gargalhar.
Jogar conversa fora, falar sério e até filosofar.
Abraços prolongados e toques nas mãos.
Sorrisos com os olhos e presentes.
Sim, todos estavam presentes - corpo e alma.

Antes dele, as pessoas eram realmente felizes.
Aguardava-se ansioso para saber o que haviam feito no final de semana ou nas férias.
Parava-se para prestar atenção nas aventuras vividas contadas aos detalhes para se imaginar.
Fotos, demoravam semanas para se ver, isso quando os negativos não queimavam.
Havia o que rever, havia o que lembrar, havia o que reviver.

Antes dele, as pessoas eram realmente felizes.
Opiniões eram ditas a quem se conhece de verdade, que mesmo não concordando iria respeitar.
O direito de discordar era garantido, pelo amor, pela amizade, pela convivência.
As conversas duravam horas, pontos de vistas se tornavam conceitos, ou eram desfeitos.
Tudo isso regado a uma garrafa de cerveja ou um bom vinho, na varanda de casa ou na mesa de um bar.

Antes dele, as pessoas eram realmente felizes.
A vida era real e o mundo ideal estava apenas nas ideias e ideais.
A busca por ele era diária, sem utopia, com ações reais e gritos de guerra.
Musica, poesia e esperança, na vida ou morte.

Antes dele, as pessoas eram realmente felizes.
Ouvia-se os gritos das crianças sem se incomodar, elas brincavam na rua, de se esconder e de pegar.
Corrida de rolemâ, quebrar um vidraça com a bola, brincar do que inventar.
O seu som era como musica, sinfonia de vida pela janela a entrar.

Antes dele, as pessoas eram realmente felizes.
Cartas eram escritas a mão e perfumadas para fazer a saudade chorar.
No aniversário se fazia questão de estar, abraçar e desejar os sonhos a realizar.

Antes dele, as pessoas eram realmente felizes.
Havia um nome a zelar e relações a cultivar.
E a vida era contada em verso e prosa.
Havia motivos pra sonhar.

Em dias como este, felicidade já não se sabe o que é.
Mas houve um tempo em que era real.
Até que criaram um outro mundo, o chamado virtual.

sábado, 25 de janeiro de 2014

O ANTICRISTO

Para qualquer cristão, um livro com este nome é no mínimo uma leitura interessante. Faz parte da cultura evangélica o desejo de conhecer o futuro, de saber os sinais do apocalipse e de como se manifestará aquele que a bíblia deixa entender que conduzirá a maior perseguição à cristãos antes do arrebatamento da igreja.
 
Mas o que dizer de um livro escrito por um filosofo que declarou "Deus está morto"? A leitura passa de interessante para algo abominável. Creio que este livro faz parte daqueles que por muito tempo foram proibidos nos círculos eclesiásticos., e que se tivesse sido escrito na época da inquisição, com certeza Nietzsche seria morto na fogueira.
 
Porém, antes da critica pela critica, precisamos conhecer as motivações não só externas, aparentes, mas as internas, aquelas que estão submersas em nosso inconsciente. Após a leitura, que confesso não foi nada fácil [tive que ler duas vezes], apesar de concordar e muito com o autor, quis entender mais sobre sua vida, pois, não me incomodou tanto o fato de discordar do cristianismo, mas o ódio com que faz isso, este sentimento permeia todo o livro.
 
Nietzsche, era alemão de família cristã de tradição luterana, e seu pai um pastor que morreu quando ele ainda era criança. No filme "Quando Nietzsche chorou" o autor revela o sentimento de solidão que perseguia o filosofo, e um sonho terrível com seu pai, que saia do tumulo para busca-lo. Logo pensei, será que a morte de seu pai, não fez com quem Nietzsche se revoltasse com Deus, como acontece a muitas pessoas? Nunca saberei. Fato é que o livro faz severas criticas ao cristianismo, e muitas de suas afirmações chegam a ser quase proféticas.
 
Faz-se importante ao ler este livro conhecer a historia da igreja em todas as suas ramificações e muito das profecias dos Apóstolos acerca da apostasia e da infiltração de falsos mestres. Muito do que Nietzsche condena no cristianismo de sua época, é fruto disto. Algumas de suas condenações são tão atuais que parece que está falando dos neopentecostais do nosso tempo.
 
Listo alguns dos pensamentos aos quais vale a pena refletir:
- O cristianismo, tomou partido de tudo o que é fraco, baixo e fracassado; forjou seu ideal a partir da oposição a todos os instintos de preservação da vida saudável; corrompeu até mesmo as faculdades daquelas naturezas intelectualmente mais vigorosas, ensinando que os valores intelectuais elevados são apenas pecados, descaminhos, tentações.
- Após o conceito de "natural" ter sido usado como oposto ao conceito de "Deus", a palavra "natural" forçosamente tomou o significado de abominável - todo este mundo fictício tem sua origem no ódio contra o natural.
- O cristianismo de fato nega a igreja.
- A igreja era uma insurreição contra os "bons e os justos", contra toda a hierarquia social, contra as castas, os privilégios, a ordem, o formalismo.
- O profundo instinto que leva o cristão a viver de modo que se sinta no céu e imortal, apesar das muitas razões para sentir que não está no céu: essa é a única realidade psicológica na salvação - uma nova vida, não uma nova fé.
- Os homens criaram a igreja a partir da negação do evangelho.
-  Com toda a difusão do cristianismo entre massas mais vastas e incultas, ate mesmo incapazes de compreender os princípios dos quais nasceu, surgiu a necessidade de torna-lo mais vulgar e bárbaro - absorveu os ensinamentos e rituais de todos os cultos subterrâneos do império romano e as absurdidades engendradas por todo o tipo de raciocínio doentio.
- Apenas a pratica cristã, a vida vivida por aquele que morreu na cruz, é cristã. Hoje tal vida ainda é possível, e para certos homens até necessária: o cristianismo primitivo, genuíno, continuará sendo possível em quaisquer época. Não fá, mas atos; acima de tudo um evitar atos, um modo diferente de ser.
- Reduzir o ato ser cristão, o estado de cristianismo, a uma aceitação da verdade, a um mero fenômeno de consciência, equivale a formular uma negação do cristianismo.
-  O primeiro cristão e também, receio o ultimo cristão, é um rebelde por profundo instinto contra tudo o que é privilégio - vive e guerreia sempre pela "igualdade de direitos".
- O movimento cristão, enquanto movimento Europeu, desde o começo não foi mais que uma sublevação de toda espécie de elementos desterrados e refugados - que agora, sob a mascara do cristianismo, aspiram o poder.
- A maneira como um teólogo (pastor ou padre), seja em Berlim ou em Roma, explica digamos uma passagem bíblica, ou um acontecimento, por exemplo, a vitória do exercito nacional, sob a sublime luz dos Salmos de Davi, é sempre tão ousada, que faz um filólogo subir pelas paredes.
- A humanidade prefere observar poses ao ouvir razões. 
 
 
Leitura não recomendada para cristão fanáticos!
Também não recomendo para quem não gosta de desilusão.